domingo, 29 de maio de 2011
TESTAMENTO
O meu corpo e minha alma entrego à Deus,
Mas o meu coração... Entrego ao Diabo.
Ao Diabo vão todos os meus amores platônicos,
Juvenis, quase imbecis,
Que vivi sempre sem querer.
À Deus vão todas as vezes que não me dei,
Disse não sem saber por quê.
A lista de amantes que nunca tive,
As noites de inveja ao ver Iara se banhar,
Doenças inventadas por pura preguiça.
Tudo é mais humano,
Mais poético e até mais mulher,
Do que um marido no sofá
Ou uma louça suja para lavar.
O Diabo me deixou ser feliz sempre que errei,
Já Deus, ao meu lado nas ressacas do dia seguinte.
Dos dois tenho um pouco
E às vezes nenhum.
Mas não importa o caminho traçado,
O meu coração vai sempre:
Se entregar, errar,
E até enganar,
Toda vez que o amor, de novo, me chamar.
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