domingo, 6 de dezembro de 2015

Vermelho Puta



Que esmalte lindo!
É vermelho, vermelho puta
O vermelho aberto, sem vergonha de ser

E aquele outro?
É o esmalte vermelho fechado,
Esse tem medo, não sabe se pode algo

Mas... O vermelho puta não tem medo?
Ele tem sim, muito mais que o fechado
Um medo cruel, medo de não ser ele mesmo

E quem colocou esses nomes neles?
Os outros, acham que ele não tem nome próprio
Eles nunca se importaram como o vermelho se vê 

Esse aberto, ele realmente pode isso?
Depende, todos falam que ele pode
Mas depois o criticam, pensam "ele não pode"

Mas ele nunca se impôs?
Sempre, por isso ele é aberto, grita pelos outros
Ele acredita que ele pode ser puta, beata ou bigode e barba

Se eu o usar vão me julgar?
Vão sim. Eles sempre julgam
Julgam o vermelho aberto por ser aberto 
Julgam o vermelho fechado por ser fechado

Já escolheu o seu esmalte?

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Um violino


Era uma vez... Um violino
Sombrio, 
Com suas curvas insinuantes
Suas cordas estéreis
Suas notas perfeitas

Era uma vez um violino
Que a todos se apresentava
Fazíamos dançar, chorar, amar, 
E de sua melodia éramos fantoches

O maestro era pequeno
O violinista, mero enfeite
A platéia, dúzias insignificantes
Mas o violino... Ah! Era perfeito

Sua perfeição era um erro
Os deuses não o permitiam
Os mortais de fato não o sentiam
O violino era intocado, sozinho

Para quê um violino tão belo?
Se a natureza está abaixo 
Se o amor não o toca
Se a vida não o comporta.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A estrada



Você pisa em pedras,
Cai, se machuca um pouquinho,
Reza, foi um castigo,
Volta a andar.

Você anda sobre fogo,
Queima, dói muito
Reza, acredita
E volta a aquentar

Você nada em gelo
Também queima,dói,
Continua rezando, acreditando
E a nadar

Você vê o seu mundo desmoronar
Senta, chora, desiste
Acredita, não vai aquentar

Reza por rezar
Acredita por acreditar
Chora por não amar

Depois de chorar todas as lágrimas 
Querer que o seu mundo acabe de uma vez
Ver que tudo deu errado
Você olha novamente
O seu mundo não acabou
O sol continua ali

Então se limpa, reza e agradece
Junta suas forças, a estrada mudou,
Mas você ainda tem que seguir.


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Último Minuto


Maria acordou no último minuto
Abriu os olhos e ainda deitada chorou
Finalmente, colocou tudo para fora 
O peso do mundo já não era mais dela.

Ela não precisou olhar para os lados,
Não mais se preocupar com alguém,
Ela não foi mãe, mulher, filha ou amiga,
Foi apenas Maria.

Sentiu o gosto salgado das lágrimas,
A leveza do vestido branco,
Os últimos calos nos pés doloridos,
A dor no coração...

E no último segundo sorriu
Com um brilho nos olhos
Maria morreu sozinha, 
Mas ela pode ser só Maria.