domingo, 12 de dezembro de 2010

ESPELHOS


Quadro pintado por Frida Kahlo, admiro sua arte e sua história.


Do que vale falar se não tiver alguém para ouvir.
Brincar se não tiver alguém para sorrir.
Amar se não tiver ninguém para sentir.

Queria ter alguém para dividir.
Mesmo que fosse só um dedo.
Um pedaço do quase nada.
Perto do vazio em que vivo.

Sou o que sou...
Um quadro grande demais para guardar,
Feio demais para pendurar,
Exposto demais para esquecê-lo.

Sozinha.
Perto de mim mesma.
Esta sou só mais um eu,
Diante do espelho.

VOU-ME EMBORA PARA PASSÁRGADA.




Vou-me embora para Passárgada.
Não por ser mais bela ou rica,
Não pelo rei ou rainhas,
Mas por quer lá você não mora.

Aqui vejo os nossos passeios no final da tarde
Ouço nossas confidências em cada rua
O brilho do teu sorriso em cada esquina
Lembro de você a cada segundo.

Não comemorei nosso fim
Mas também não chorei
Não desejo te reencontrar
Porem não esqueço essas malditas lembranças

E é por isso que...
Vou-me embora para Passárgada.

15.09.09

sábado, 4 de dezembro de 2010

BORBOLETA NEGRA




Uma borboleta pousou no meu dedo.
Sentiu o gosto do meu medo
E voou. Voou para onde não sei.

Suas asas eram negras.
Delicadas, pareciam se desmanchar no ar.
E mesmo assim ela voou.
Para onde não sei.

Seu calor era sutil,
Tímida me conquistou.
Fez-me querer também voar.
Mas ela não me esperou e voou.
Onde, eu não sei.

Seu brilho era fugaz.
Sua vontade, concreto.
E com ela, meu amor também voou.

domingo, 7 de novembro de 2010

DAMA BRANCA


Te amo mesmo que não saiba,
Mesmo que não diga,
Mesmo que não me lembre...
Que meu coração pare.

Minha alma ainda te espera, reclama, chama.
Sentada, vendo a tarde passar.
Nervosa, uma noiva no altar.
Dama branca num botequim.

E você não vem.
Não vem por que não sabe,
Não veio por que não quis,
Não virá por que não sente.

E ainda assim eu penso:
Te amo.

domingo, 12 de setembro de 2010

O GUARDIÃO DE MEMÓRIAS (apenas um trecho)




A primeira vez que ele a viu, se sentiu atraído por inteiro. Não sabia bem o porquê, só sabia que era ela, que queria conhecer todos os seus segredos. Helena estava dançando em meio a uma tribo de humanos, parecia especial. Com todas aquelas veste esvoaçantes verdes. Eram roupas típicas da região. Uma blusa simples e sem babados ou decotes, ao contrário das outras que a viam dançar, e mesmo assim não escondia seu busto farto. A saia era longa, sofrida do chão batido, mas seus dois ou três babados pareciam hipnotizar. De pés descalços com apenas uma pulseira e um par de brincos, o que para aquele povo era muito pouco, ela emanava uma energia diferente dos outros, com ela seu espírito vibrava a distância, se sentia livre como aquela dança. Richard mal conseguia sentir os outros espíritos humanos ao redor. Toda a vida daquele planeta parecia dançar ao redor dela. 
Richard deixou essa impressão de lado, achou que estava confuso em meio aquele planeta de sentimentos e vidas tão distintos. Tudo naquele planeta era diferente que qualquer outro que ele já fora. Como tinha de ser, mas este o alimentava de um modo muito confuso. Era incrível a diversidade de memórias, sentidos e direções naquele planeta. E era por isso que ele estava atordoado. Estava apenas se deixando levar pela no planeta. O criador realmente era incrível em sua capacidade de demonstrar sua presença. E aquele lugar lúdico era mais um dos acasos do destino.
Já era de noite, a lua parecia estar tão cheia quanto a que ele viu na primeira noite na Terra. Como ele já havia consumido muitas verdades e lendas sobre os espíritos presos na região, preferiu àquela noite se libertar daquele corpo humano que materializara. Afastou-se daquele grupo de humanos que ainda não o tinham percebido e foi em direção às ruínas onde encontrara uma árvore antiga, aquele parecia ser o espírito ideal para assistir sua transformação. As ruínas daquele lugar eram as únicas testemunhas da presença do espírito livre, além da árvore. Richard agora poderia sentir melhor a vibração ao seu redor. Poderia ir e vir nos pensamentos de qualquer espírito na região.

MEU PRIMEIRO ERA UMA VEZ...



Era uma vez... Um planeta
Um planeta que sabia ler
O que ele não sabia era transformar aquilo que lia em realidade
Isso já estava à volta dele
E só ele que não via.

00h e 59 min  30.08.2008

sábado, 11 de setembro de 2010

DIÁLOGO

Se meus olhos pudessem falar e minha boca dizer, acho que dialogariam algo parecido com isso:



Lenine

A Medida Da Paixão

Composição: Lenine/dudu Falção

É como se a gente
Não soubesse
Prá que lado foi a vida
Por que tanta solidão?
E não é a dor
Que me entristece
É não ter uma saída
Nem medida na paixão...

Foi!
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi!
O amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou...

É como se a gente
Pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração...

Foi!
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Nem me avisou!
Foi!
O amor se foi calado
Tão desesperado
 
Que me maltratou...

Link: http://www.youtube.com/watch?v=N8nyqNwsxrQ&feature=player_embedded 

ROSAS MULHERES



Rosas não são rosas,
Não são brancas nem verdes,
Elas são tudo e não são nada.

São o que são, como as mulheres.
Hora brilham mais que estrelas,
Hora se escondem atrás da porta.

Indecisas, carentes, valentes.
Podem até quando não podem
E quando amam... Bobas, encantam.

Mulheres, rosas, rosas mulheres.
Não importa o nome ou jeito,
Todas ficam na memória,
Marcam a alma.

A JANELA



A janela mostra tudo o que está do outro lado,
Tudo o que vemos, mas não vivemos,
Um horizonte limitado por um quadrado.
Mostra um você sem eu.

Lá não estou, aqui você não está.
No meio existe uma janela,
E a porta se encontrar.

Enquanto não encontra,
Estou na janela a olhar.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O POSTE


Era uma vez... Um poste.
Mas não um poste qualquer, esse era especial.
Muito mais alto e resistente que qualquer outro
E sua luz era sempre a que tinha o maior alcance,
Mas esse poste era o mais triste também.

Ele estava sempre triste porque se sentia muito sozinho,
Nenhum outro poste queria se aproximar dele.
O poste acreditava que era por medo.

Certo dia uma mosca madrinha ouviu seus lamentos e resolveu Ajudá-lo.
Vou transformá-lo naquilo que seu coração desejar,
Mas antes saiba você terá direito a apenas um desejo e nada mais
Ele agradeceu e desejou ser o mais frágil e modesto poste que já se viu.

Logo que sentiu a mudança estranhou que os acontecimentos
Ao contrário do que imaginava,
Os outros riam dele agora indefeso.
Com ele, ainda não queriam fazer amizade.

Ele não soube o que fazer
Quando percebeu o real sentimento que afastava outros postes:
Não era medo, era apenas inveja,
E tudo o que fez foi chorar.

Ele tanto chorou que a mosca madrinha voltou.
Voltou e disse: não deveria, mas vou dar mais uma chance,
Mas espero que tenha aprendido uma lição:
Nunca mude por ninguém!
Eles devem aprender a gostar de você como é,
Se não for assim, não gostam de você.

E assim o poste voltou a ser o que era antes
Desta vez, feliz e satisfeito consigo mesmo.

NÁUFRAGO


E sozinho eu fiquei naquela noite fria de luar.
Até hoje espero você me encontrar.
Sou o náufrago sem barco, sem ilha, sem mar,
Apenas a te esperar...

SEMPRE A TUA ESPERA


Madalena estava sentada
Na sala tua espera
Ela esperava, esperava
Enquanto seu vestido esvoaçava

A casa estava calma.
Aberta, mas vazia.
Vá embora, o vento dizia
Já a lua cochichava:ele volta.

Os ratos, sapos e lagartos,
Todos limpavam a casa.
Já as rãs, cobras e aranhas,
Os lençóis estendiam na sala.

Lá fora, o tempo passeava
Os dias vivos iam,
As noites frias vinham.
Mas Madalena... Sempre dentro da casa

Esperava que você pela porta entrasse
E com todo o amor diria:
Peque seu coração de volta
As Asas d’água e os olhos de prata,
Pois anjos livres voam mais.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

VIRA MUNDO


Com os pés e mãos crucificados,
sinto o mundo nas costas.
Parar ou olhar para os lados,
tudo parece uma impossível tarefa.
Tudo o que faço é continuar,
Continuo pela estrada a andar.
Continuo remando com a maré.
Continuo a andar, falar ou respirar.
Continuo tudo,
Menos tendo você.